Cartas invertidas
Hoje escrevo este artigo pois verifico que há muita confusão em relação à interpretação e uso de cartas invertidas. Se é para todos, certamente que não, se ainda não domina as leituras com cartas "direitas" só vai criar mais complicação. Mas não me digam que é uma invenção moderna sem fundamento, naturalmente se não as quer usar não use, não é obrigação, mas que dão mais profundidade a uma leitura, isso é certo.
Mas onde nasceu essa ideia das cartas invertidas?
Etteilla, (1738-91) (pseudónimo de Jean-Baptiste Alliette), ocultista Francês que desempenhou um papel importante no desenvolvimento do primeiro Tarot esotérico. Através das suas actividades e dos seus escritos, foi o primeiro a popularizar a divinação através do Tarot em larga escala, a publicar correspondências entre Tarot, Astrologia e os Quatro Elementos, e a lançar um baralho especialmente desenhado para fins ocultistas. O percursor da visão ocultista que mais tarde será desenvolvida pela Golden Dawn (Aurora Dourada) de onde nasceu o baralho Rider-Waite. Etteilla publicou pela primeira vez o significado divinatório para cada carta (em pé e invertidas), e métodos de leitura, incluindo um relativamente complexo que reflectia sua síntese única de Tarot e Astrologia.
Foi este senhor que alguém por ai (tarólogo) me disse que não era credível. Normalmente esta postura é originada por duas opções: Ou falta de conhecimento ou porque Eteilla defendia a origem Egípcia do Tarot. A origem do tarot ainda é uma incógnita, há várias teorias e poucos factos. A única evidência registada é que os primeiros baralhos de Tarot surgem no inicio do séc XV no norte de Itália, porém há evidências de algo idêntico ao Tarot ser usado anteriormente pêlos Sarracenos (1173-1250). As cartas Mamlûk (ou mamelucas, também chamadas às vezes de sarracenas), resumem-se a três baralhos incompletos que estão guardados no Museu Topkapi de Istambul, na Turquia, e que provavelmente vieram do norte da África, da região do Egipto com grandes semelhanças à iconografia do tarot de Marselha. Mas não há registos o que mantém um ponto de interrogação em relação aos factos, mas possivelmente Eteilla não estava assim tão delirante.

Como podem ver na imagem abaixo, o baralho de Eteilla é configurado de forma a facilitar a interpretação de cartas invertidas, incluindo mesmo a legenda para este fim.

É de salientar e sublinhar que uma carta invertida não corresponde ao lado sombrio de uma carta de pé. Há sim 12 formas de a interpretar à escolha de acordo com o contexto da consulta e da tiragem utilizada. São algumas delas: Um bloqueio, uma projecção, algo atrasado, dificultado ou indisponível, interno ou inconsciente, falta de… e por ai fora. Um exemplo: Um 2 de Copas invertido pode ser referência a um amor platónico, não manifestado.
Espero ter deixado alguma informação útil em relação ao uso de cartas invertidas e pelo menos que percebam que não é uma invenção moderna sem bases, feita por alguém que não tinha mais nada com que se ocupar. Naturalmente é opção sua usá-las ou não, mas para o fazer já deverá ter um conhecimento muito consistente da estrutura do Tarot e do conceito de todas as cartas.
Paula Netto