Tertúlia FAE – Arquétipos e Inconsciente Colectivo

24-10-2022

Mais um serão se passou em excelente companhia. Desta vez a conversa rolou pelo tema "Arquétipos e Inconsciente colectivo".

Segundo o conceito de psicologia analítica criado pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, é a camada mais profunda da psique. É constituído por materiais que foram herdados, e é nele que residem os traços funcionais, tais como imagens virtuais, que seriam comuns a todos os seres humanos.

São estes representados pêlos arcanos maiores do tarot. Como exemplo veio à conversa o arquétipo da "Mãe" que corresponde à Imperatriz no baralho de tarot. Neste caso temos como Mãe aquela pessoa que nos dá vida que nos alimenta e cuida, um porto seguro que acarinha e conforta. Mas será sempre assim? Serão estes arquétipos estáticos? Levantam-se várias questões muito pertinentes.

E numa cultura em que a mulher é considerada inferior, será que a representação Mãe/Pai correspondente a Imperatriz/Imperador, ambos em posições iguais de poder, será viável? Partilhamos este arquétipo?

E numa tribo em que a mãe é apenas quem dá à Luz uma criança e ela é alimentada, cuidada por todas as mulheres dessa tribo sem distinção. A criança é da comunidade e não de uma mãe e pai específico, perdendo mesmo a noção de quem são seus Pais originais. Como será aqui compreendido este arquétipo?

E se o papel de mãe/pai não for desempenhado por mulher/homem, mas por pessoas do mesmo género?

Será que o inconsciente colectivo e seus arquétipos se alteram consoante o sistema sociocultural em que nos inserimos? Será então assim tão universalmente "colectivo"?

Possivelmente estes arquétipos do tarot, tal como nos são apresentados, estão adequados apenas a uma sociedade judaico-cristã do séc. XV e não são assim tão universais. Também "A Morte", "O Diabo" são arquétipos numa cultura específica. No paganismo por exemplo, não existe "Diabo", a morte é compreendida das mais diversas formas pelo mundo fora.

Chegamos assim à conclusão que ao arquétipo do inconsciente colectivo, podemos acrescentar um "Inconsciente social" que tempera esse conceito mais generalista dentro de um meio sociocultural específico e ainda de um "Inconsciente pessoal" que adiciona a nossa experiência e vivência pessoal com esses arquétipos. O que pensam disto?

Como exemplo da "Mãe": A mãe do inconsciente colectivo é aquela que nos trás à vida; a mãe do inconsciente social é o que será esperado socialmente do papel de mãe (A Imperatriz); a mãe do inconsciente pessoal reflecte a nossa experiência pessoal com a mãe. Sendo assim será que muitos dos problemas que poderemos ter na vida não estão relacionados com uma quebra de espectativas perante um arquétipo do inconsciente social? Uma mãe que não se comportou como o que seria esperado de acordo com a imagem pré-concebida no inconsciente social?

Ao Interpretar "A Imperatriz" é natural introduzir todas estas variáveis na nossa leitura, daí que a forma de conversar com as cartas se torne tão única e pessoal.

Gostava muito de ler as vossas opiniões sobre este tema. Pois apenas uma horinha de conversa deixou muito para reflectir.

E claro deixo o convite para se juntar às tertúlias FAE. Para tal basta tornar-se membro do grupo FAE cujo link deixo abaixo e juntar-se no dia e hora marcada.

Até lá...tudo de bom!

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